terça-feira, dezembro 26, 2006

Andy Capp, por Reg Smythe

Reg Smythe nasceu em 1917, em Hartlepool, uma localidade costeira localizada no Nordeste de Inglaterra, perto de Middlesbrough. Durante a II Guerra Mundial prestou serviço militar nos Northumberland Fusiliers, altura em que enviou desenhos seus para as revistas que se publicavam no Cairo. Em 1954, após algum tempo como desenhador freelancer, entrou para o jornal Daily Mirror, onde publicou durante algum tempo uma série intitulada Laughter at Work.

Em 1957, criou Andy Capp, estreada a 5 de Agosto nesse jornal e no Sunday Mirror, cujo enorme sucesso fez com que viesse a ser distribuído por mais de 1400 jornais em 31 países, uma série que se baseava num inglês nortenho da classe trabalhadora cuja marca era um boné caído sobre os olhos que nunca tirava da cabeça e cujo nome estabelece um jogo de palavras com o termo inglês handicap (que poderá ser traduzido para trapalhão), o que revela todo o carácter com que o personagem foi criado, sendo caracterizado por uma enorme preguiça e por se meter em confusões quando se dedicava a jogar futebol, um dos seus passatempos preferidos, juntamente com corridas de pombos e bilhar, sendo invariavelmente expulso por se envolver em discussões com os Reg Smytheoutros jogadores; aliás, o mesmo acontecia ocasionalmente também nos pubs que o personagem frequentava, já que «meter-se nos copos» era outro dos seus passatempos preferidos. Tal como o cigarro, que lhe surgia pendurado da boca. No entanto, este facto «politicamente incorrecto» foi mais tarde corrigido, à semelhança do que aconteceu com outras personagens dos quadradinhos, como, por exemplo, Lucky Luke. Outros factos igualmente elididos na série foram as cenas de pancadaria em que Andy se envolvia com a mulher, conhecida por Flo (de Florence), se bem que estas cenas de pancadaria resultavam de igual maneira para ambos, já que a mulher de Andy não se ficava e retribuía na mesma proporção. No entanto, para refrear os ataques relativos a tais cenas de violência doméstica, o autor colocou o casal a receber aconselhamento matrimonial.

A situação económica de Andy não era favorável, uma vez que estava quase sempre desempregado e o seu estado normal era de completa desmotivação, o que o levava a passar horas deitado no sofá, uma das raras peças de mobiliário que normalmente se salvavam de serem arrestadas por acumulação de dívidas, entre as quais a renda de casa.

O cenário das tiras (inicialmente constituídas por uma única vinheta, mas evoluindo posteriormente para três ou quatro) limitava-se, por norma, à casa de Andy e Flo, com este frequentemente recostado no sofá a Flo a gritar-lhe de uma outra divisão, ao pub ou à rua onde moravam (o número 37 de Durham Street), e apenas em algumas ocasiões surgindo um campo de futebol, o gabinete do conselheiro matrimonial ou as corridas, já que Andy se limitava a ouvi-las pela rádio, encontrando sempre maneira de apostar, tal como fazia para beber cerveja, sendo muitas vezes Flo que lhe emprestava o dinheiro.

O seu boné fazia parte da sua caracterização física, só muito raramente deixando ver os olhos, sobretudo quando manifestava surpresa.

A popularidade da série fez com que, em 1981, surgisse um musical dedicado ao personagem, com música de Alan Price, alcançando no entanto pouco sucesso. Em 1988, surgiu também uma série televisiva.

Quando Reg Smythe faleceu, em 1998, deixou ainda por publicar cerca de 18 meses de tiras diárias e páginas dominicais (encarregava-se de ambas), após o que a sua continuidade foi entregue a outros artistas, que lhe tentaram copiar o argumento e o estilo. Em Novembro de 2004, surgiu com a indicação de autoria de Roger Mahoney e Roger Kettle.

Foram publicadas diversas colectâneas da série, que podem ser adquiridas, por exemplo, aqui.

Andy Capp foi também publicado em Portugal, surgindo nas páginas d’ O Primeiro de Janeiro com o nome de Zé do Boné, alcunha que também se veio a aplicar a um conhecido treinador de futebol.

A tira aqui apresentada é dos anos 90, e tem a dimensão de 34,6 x 10 cm para o desenho e 38 x 13,3 cm para o papel. Está assinada Smythe e tem a indicação J200.



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