domingo, janeiro 30, 2005

Johnny Hazard, aliás «João Tempestade»


Frank Robbins, o autor de Johnny Hazard, baptizado em Portugal como João Tempestade, estreou-se com esta série da sua própria autoria no dia 5 de Junho de 1944, fazendo do personagem principal, Hazard, um piloto de combate. Esta série teve como característica o facto de ter sido desenhada, desde a sua criação até ao seu desaparecimento, sempre pelo mesmo autor.

Robbins nasceu em Boston em 1917, demonstrando desde cedo uma propensão para o desenho. Ganhou uma bolsa para o Instituto Rockefeller aos quinze anos, tendo porém que deixado de estudar para poder trabalhar.

Em 1939 havia já começado a trabalhar para a Associated Press na série Scorchy Smith, após o abandono da mesma por Noel Sickles, passando inclusive a produzir pranchas dominicais, a cores, as quais obtiveram grande sucesso. A Associated Press era uma das muitas agências (ou syndicates) de desenhadores e havia grande competição entre todas elas, para angariar clientes e vender as suas produções, as quais eram depois publicadas no maior número possível de jornais, tentando atrair artistas e criando uma competitividade em termos de salários, o que fazia com que os melhores artistas se sentissem tentados pelas melhores propostas. Havia, porém, um problema para os artistas: os direitos autorais não lhes pertenciam, mas sim aos «syndicates», o que fazia com que alguns artistas que tinham criado certas séries se despedissem e as mesmas tivessem continuidade pela mão de outros desenhadores. Will Eisner, de quem já aqui falámos, sempre se recusou a ceder nos seus direitos autorais, tendo realizado diversas tentativas de criação da sua própria agência.

Foi o King Features Syndicate, um dos mais poderosos de então, que fez uma aliciante proposta a Frank Robbins: produzir a sua própria série, com total liberdade criativa. Assim nasceu Johnny Hazard.

A série iniciou-se com Hazard num campo de prisioneiros na Alemanha, assistimos à sua fuga e ao seu retorno ao combate como piloto da força aérea. No entanto, com o final da guerra, Robbins teve que inventar outras situações, lançando Hazard em novas e trepidantes aventuras, muitas vezes no Oriente, tal como aliás aconteceu com Steve Canyon, de Milton Caniff.

Com o aparecimento da «guerra fria», Hazard passou a estar envolvido em espionagem e no combate aos países do lado de lá da «cortina de ferro».

O estilo de Robbins baseava-se em grande parte no contraste claro-escuro, com uma perfeita utilização das sombras, e com grande mestria no desenho a pincel. Inicialmente utilizando bastante a fotografia e modelos para a criação dos desenhos, mais tarde viria a abandonar esta técnica para se centrar unicamente na imaginação.

O Mundo de Aventuras nº 757, cuja capa é dedicada a «João Tempestade».Robbins chegou a desenhar para a Marvel e a DC, nomeadamente aventuras de heróis como o Capitão América e Batman, para além de outras histórias que tivessem como temática a guerra.

Em 1977, deixou de desenhar Johnny Hazard, dedicando-se à pintura até à sua morte, em 1997.

Foi o Mundo de Aventuras que popularizou a série entre nós, sendo depois publicado por uma série de revistas. Existem diversas reedições de episódios da série, mas, como em muitos outros casos, não foi ainda publicada nenhuma colectânea das suas aventuras completas.

As tiras que aqui apresento estão datadas de 22/10 e de 21/11 de 1968 e assinadas por Frank Robbins. A dimensão da mancha é de 46,5 x 13,7 cm e a do papel de 51,6 x 17,3 cm, aproximadamente.

Tira de 22 de Outubro de 1968.








Tira de 21 de Novembro de 1968.









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